sábado, 6 de março de 2010

Redação de estudante carioca vence concurso da UNESCO

MENSAGEM:
Sent: Monday, March 01, 2010 11:58 PM
Subject: FW: REDAÇÃO DE ESTUDANTE CARIOCA VENCE CONCURSO DA UNESCO

Tema: 'Como vencer a pobreza e a desigualdade'
Por Clarice Zeitel Vianna Silva
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - RJ

'PÁTRIA MADRASTA VIL'

Onde já se viu tanto excesso de falta? Abundância de inexistência. .. Exagero de escassez... Contraditórios? ? Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL. Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade.

O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada - e friamente sistematizada - de contradições. Há quem diga que 'dos filhos deste solo és mãe gentil.', mas eu digo que não é gentil e, muito menos, mãe. Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil está mais para madrasta vil.

A minha mãe não 'tapa o sol com a peneira'. Não me daria, por exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica. E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse que me restaria a liberdade apenas para morrer de fome. Porque a minha mãe não iria querer me enganar, iludir. Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação + liberdade + igualdade. Ela sabe que de nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha voz-nada-ativa. A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade. Uma segue a outra... Sem nenhuma contradição!

É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que transformem! A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar. E a educação libertadora entra aí. O povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito. Não aprendeu o que é ser cidadão.

Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não modificam a estrutura. As classes média e alta - tão confortavelmente situadas na pirâmide social - terão que fazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa)... Mas estão elas preparadas para isso?

Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil.

Afinal, de que serve um governo que não administra? De que serve uma mãe que não afaga? E, finalmente, de que serve um Homem que não se posiciona?

Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente, a um posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo. Cada um por todos.

Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas. Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil? Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil? Ser tratado como cidadão ou excluído? Como gente... Ou como bicho?


Premiada pela UNESCO, Clarice Zeitel, de 26 anos, estudante que termina faculdade de direito da UFRJ em julho, concorreu com outros 50 mil estudantes universitários.

Ela acaba de voltar de Paris, onde recebeu um prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) por uma redação sobre 'Como vencer a pobreza e a desigualdade'

A redação de Clarice intitulada `Pátria Madrasta Vil´ foi incluída num livro, com outros cem textos selecionados no concurso. A publicação está disponível no site da Biblioteca Virtual da UNESCO.

Favor divulguem, aos poucos iremos acordar este "BraSil".


RESPOSTA:
Lamentável.

A qualidade do texto é inquestionável; quanto ao conteúdo... só repete todas as fórmulas neoliberais de botequim. Mais um talento desperdiçado pela falta de neurônios críticos, pela incapacidade de refletir. A moça comprou uma ideologia pré-fabricada no shopping center. Como aquele jeans que já vem rasgado, os argumentos que ela apresenta estão cheios de furos.

> A minha mãe não 'tapa o sol com a peneira'. Não me daria, por exemplo,
> um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica.

O ensino público nunca foi e jamais será melhor que o ensino privado. É só fazer as contas. Você sabe muito bem quanto custa uma criança no ensino fundamental. Multiplique isso por, pelo menos, 80 milhões de crianças. Não há dinheiro suficiente para todos. Mesmo se a corrupção deixasse de existir, ainda assim não haveria dinheiro suficiente.

Sabendo disso, o que fazer? Manter a situação antiga, ou seja, somente filhinhos de papai podem estudar em universidades públicas porque estudaram em escolas particulares a vida toda? Barrar as pessoas que realmente precisam das universidades públicas até que a escola pública fique melhor que a privada (ou seja, nunca)?

> E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria da escravidão
> se soubesse que me restaria a liberdade apenas para
> morrer de fome.

Cuméquié?

É claro que a abolição deveria ser acompanhada de um pacote completo, com educação, saúde, reforma agrária... mas se tudo isso não for possível, eu aceito só a liberdade, mesmo que seja só para morrer de fome.

> Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar.

No tempo do Sarney, aquele crápula criou as famigeradas 'frentes de trabalho' para ensinar o povo nordestino a pescar cavando açudes. Nunca vou esquecer aquele exército de brancaleone, velhos, fracos de fome, batendo enxada na terra esturricada, de sol a sol, para ganhar meio salário mínimo (que na época não passava de 25 dólares por mês). O povo aprendeu o quê, exatamente?

O governo atual dá o peixe, mas a família tem que levar as crianças para a escola, manter a vacinação em dia, fazer pré-natal... O povo está aprendendo como construir uma nova geração. Mais saudável, mais inteligente, mais culta. Isso é mais importante do que pescar.
Só porque um discurso é bem escrito, não significa que seja verdade. Os discursos do hitler eram magnificamente bem escritos.

Fazer o quê?

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