sexta-feira, 30 de abril de 2010

Inversão de Papéis

A imprensa como partido político

Por Washington Araújo em 20/4/2010 no Observatório da Imprensa

Esperei baixar a poeira. Em vão, porque a poeira existiu apenas na internet. E tudo porque me causou estranheza ler no diário carioca O Globo (18/3/2010) a seguinte declaração de Maria Judith Brito, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e executiva do grupo Folha de S.Paulo:

“A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação e, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo.”

E como a poeira não baixou resolvi colocar no papel as questões que foram se multiplicando, igual praga de gafanhotos, plantação de cogumelos, irrupção de brotoejas. Ei-las:

1. É função da Associação Nacional de Jornais, além de representar legalmente os jornais, fazer o papel de oposição política no Brasil?

2. É de sua expertise mensurar o grau de força ou de fraqueza dos partidos de oposição ao governo?

3. Expirou aquela visão antiquada que tínhamos do jornalismo como sendo o de buscar a verdade, a informação legítima, para depois reportar com a maior fidelidade possível todos os assuntos que interessam à sociedade?

4. Como conciliar aquela função antiquada, própria dos que desejam fazer o bom jornalismo no Brasil, como tentei descrever na questão anterior, com a atuação político-partidária, servindo como porta-voz dos partidos de oposição?

5. Sendo o Datafolha propriedade de um dos grandes jornais do Brasil e este um dos afiliados da ANJ, como deveríamos fazer a leitura correta das pesquisas de opinião por ele trabalhadas? O Datafolha estaria também a serviço de uma oposição “que no Brasil se encontra fragilizada”?

6. Na condição de presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) será que Maria Judith Brito não se excedeu para muito além de suas responsabilidades institucionais?

7. Ou será próprio de quem brande o estatuto da liberdade de imprensa que entidade de classe de veículos de comunicação assuma o papel de oposição política no saudável debate entre governo e oposição?

8. Historicamente, sempre que um dirigente ou líder de partido político de oposição desanca o governo, seja justa ou injustamente, é natural que o governo responda à altura e na mesma intensidade com que o ataque foi desferido. Mas, no caso atual, em que a ANJ toma si para a missão de atuar como partido político de oposição, não seria de todo natural esperar que o governo reaja à altura do ataque recebido?

9. E, neste caso, como deveria ser encarada a reação do governo? Seria vista como ataque à liberdade de expressão? Ou seria considerado como legítima defesa de da liberdade de expressão ou de ideologia?

Claro e transparente

10. Durante o período de 1989 a 2002, em que a oposição política no Brasil esteve realmente fragilizada, e ao extremo, não teria sido o caso de a ANJ ter tomado para si as dores daquela oposição, muitas vezes, capenga?

11. E, no caso acima, como a ANJ acha que teriam reagido os governos Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso?

12. Com o histórico de nossos veículos de comunicação, muitos deles escorados em sua antiguidade, como aferir se há pureza de intenções por parte da ANJ em sua decisão de tomar para si responsabilidade que só lhe poderia ser concedida pelo voto dos brasileiros depositados nas urnas periodicamente? Não seria uma usurpação de responsabilidade?

13. Afinal, não é através de eleições democráticas e por sufrágio universal e secreto que a população demonstra sua aprovação ou desaprovação a partidos políticos?

14. Será legítimo que, assinantes de jornais e revistas representados pela associação presidida por Maria Judith Brito passem, doravante, a esmiuçar a cobertura política desses veículos, tentando descobrir qual a motivação dessa ou daquela reportagem, dessa ou daquela nota, dessa ou daquela capa?

15. E quanto ao direito dos eleitores de serem livremente informados… que garantias estes terão de que serão informados, de forma justa e o mais imparcial possível, das ações e idéias do governo a que declaradamente se opõe a ANJ?

16. Para aqueles autoproclamados guardiães da liberdade de expressão e do Estado democrático de direito: será papel dos meios de comunicação substituir a ação dos partidos políticos no Brasil, seja de situação ou de oposição?

17. Em isso acontecendo… não estaremos às voltas com clássica usurpação de função típica de partido político? E não seria esta uma gigantesca deformação do rito democrático?

18. Repudiam-se as relações deterioradas entre governo e mídia na Venezuela, mas ao que tudo indica nada se faz para impedir sua ocorrência no Brasil. Ironicamente, os maiores veículos de comunicação do país demonizam o país de Hugo Chávez. A origem do conflito político na Venezuela não está umbilicalmente ligado ao fato que na Venezuela os meios de comunicação funcionam como partido político de oposição, abrindo mão da atividade jornalística?

19. Esta declaração da presidente da ANJ, publicada no insuspeito O Globo, traduz fielmente o objetivo de a ANJ estabelecer a ruptura com o governo, afetar a credibilidade da imprensa e trazer insegurança a todos os governantes, uma vez que serve também aos governos estaduais e dos municípios onde a oposição estiver fragilizada?

20. Considerando esta declaração um divisor de águas quanto ao sempre intuído partidarismo e protagonismo político dos grandes veículos de comunicação do país, será que não seria mais que oportuno e inadiável a ANJ vir a público esclarecer tão formidável mudança de atitude e de missão institucional? Por que não abordar o assunto de forma clara e transparente nas páginas amarelas da revista Veja? Por que não convidar a Maria Judith Brito para ser entrevistada no programa Roda Vida da TV Cultura? Por que não convidá-la para o Programa do Jô? E para ser entrevistada pelo Heródoto Barbeiro na rádio CBN? Por que não solicitar a leitura de “Nota da ANJ”sobre o assunto no Jornal Nacional? Por que não submeter texto para publicação na seção “Tendências/Debates” do jornal Folha de S.Paulo, onde a presidente trabalha? De tão interessante não seria o momento de a revista Época traçar o perfil de Maria Judith Brito? E que tal ser sabatinada pela bancada do Canal Livre, da Band?

Prudente e sábio

Já que comecei falando de estranheza, estranhamento etc., achei esquisito a não-repercussão ostensiva da fala da presidente da ANJ junto aos veículos de seus principais afiliados. Estratégia política? Opção editorial? Ou as duas coisas?

Finalmente, resta uma questão de foro íntimo: que critério deverei usar, doravante, para separar o que é análise crítica própria de um partido político, para consumo interno de seus filiados, daquilo que é matéria propriamente jornalística, de interesse da sociedade como um todo?

Todos nós, certamente, já ouvimos centenas de vezes o ditado “cada macaco no seu galho”. E todos nós o utilizamos nas mais diversas situações. O ditado é um dos mais festejados da sabedoria popular, é expressão de conhecimento, nascido da observação de fatos; um aprendizado empírico. Vem de longa data e se estabelece porque pode ser comprovado através da vivência e mais recentemente foi citado por Michel Foucault e Jurgen Habermas. No caso aqui abordado, o ditado popular cai como luva assim como as palavras de Judith Brito ficarão por muito tempo gravadas no bronze incorruptível da nossa memória.

Mesmo assim sinto ser oportuno aclarar que entendo como papel da mídia atividades como registrar, noticiar os fatos, documentar, fiscalizar os poderes, denunciar abusos e permitir à população uma compreensão mais ampla da realidade que nos abarca. Neste rol de funções não contemplo o de ser porta-voz de partido político, seja este qual for. Ora, o governo tem limites de ação: operacionais, constitucionais, políticos. A mídia, quando não investida de poderes supraconstitucionais, também tem seus limites que não são tão flexíveis a ponto de atender as conveniências dos seus proprietários ou concessionários. É prudente e sábio reconhecer que em uma sociedade democrática todos os setores precisam de regulação – e a mídia não é diferente. E é bom que não seja. Afinal, a lei é soberana e a ela todos devem se submeter, já escrevia o pensador Shoghi Effendi (1897-1957) na segunda metade de 1950. Nada mais atual que isto.

Fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=586JDB003

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Fome de Marina

Recebi este texto por email, sem a indicação de autoria. Se você sabe quem escreveu, por favor, me informe para que eu possa dar o devido crédito. Não sei se vou votar na Marina, mas o texto é excelente.

FOME DE MARINA

Há pouco, Caetano Veloso descartou do seu horizonte eleitoral o presidente Lula da Silva, justificando: "Lula é analfabeto". Por isso, o cantor baiano aderiu à candidatura da senadora Marina da Silva, que tem diploma universitário. Agora, vem a roqueira Rita Lee dizendo que nem assim vota em Marina para presidente, "porque ela tem cara de quem está com fome".

Os Silva não têm saída: se correr o Caetano pega, se ficar a Rita come.

Tais declarações são espantosas, porque foram feitas não por pistoleiros truculentos, mas por dois artistas refinados, sensíveis e contestadores, cujas músicas nos embalam e nos ajudam a compreender a aventura da existência humana.

Num país dominado durante cinco séculos por bacharéis cevados, roliços e enxudiosos, eles naturalizaram o canudo de papel e a banha como requisitos indispensáveis ao exercício de governar, para o qual os Silva, por serem iletrados e subnutridos, estariam despreparados.

Caetano Veloso e Rita Lee foram levianos, deselegantes e preconceituosos. Ofenderam o povo brasileiro, que abriga, afinal, uma multidão de silvas famélicos e desescolarizados.

De um lado, reforçam a ideia burra e cartorial de que o saber só existe se for sacramentado pela escola e que tal saber é condição sine qua non para o exercício do poder. De outro, pecam querendo nos fazer acreditar que quem está com fome carece de qualidades para o exercício da representação política.

A rainha do rock, debochada, irreverente e crítica, a quem todos admiramos, dessa vez pisou na bola. Feio."Venenosa! Êh êh êh êh êh!/ Erva venenosa, êh êh êh êh êh!/ É pior do que cobra cascavel/ O seu veneno é cruel…/ Deus do céu!/ Como ela é maldosa!".

Nenhum dos dois - nem Caetano, nem Rita - têm tutano para entender esse Brasil profundo que os silvas representam.

A senadora Marina da Silva tem mesmo cara de quem está com fome? Ou se trata de um preconceito da roqueira, que só vê desnutrição ali onde nós vemos uma beleza frágil e sofrida de Frida Kahlo, com seu cabelo amarrado em um coque, seus vestidos longos e seu inevitável xale? Talvez Rita Lee tenha razão em ver fome na cara de Marina, mas se trata de uma fome plural, cuja geografia precisa ser delineada. Se for fome, é fome de quê?

O mapa da fome

A primeira fome de Marina é, efetivamente, fome de comida, fome que roeu sua infância de menina seringueira, quando comeu a macaxeira que o capiroto ralou. Traz em seu rosto as marcas da pobreza, de uma fome crônica que nasceu com ela na colocação de Breu Velho, dentro do Seringal Bagaço, no Acre.
Órfã da mãe ainda menina, acordava de madrugada, andava quilômetros para cortar seringa, fazia roça, remava, carregava água, pescava e até caçava. Três de seus irmãos não aguentaram e acabaram aumentando o alto índice de mortalidade infantil.

Com seus 53 quilos atuais, a segunda fome de Marina é dos alimentos que, mesmo agora, com salário de senadora, não pode usufruir: carne vermelha, frutos do mar, lactose, condimentos e uma longa lista de uma rigorosa dieta prescrita pelos médicos, em razão de doenças contraídas quando cortava seringa no meio da floresta. Aos seis anos, ela teve o sangue contaminado por mercúrio. Contraiu cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose.

A fome de conhecimentos é a terceira fome de Marina. Não havia escolas no seringal. Ela adquiriu os saberes da floresta através da experiência e do mundo mágico da oralidade. Quando contraiu hepatite, aos 16 anos, foi para a cidade em busca de tratamento médico e aí mitigou o apetite por novos saberes nas aulas do Mobral e no curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e escrever.

Fez os supletivos de 1º e 2º graus e depois o vestibular para o Curso de História da Universidade Federal do Acre, trabalhando como empregada doméstica, lavando roupa, cozinhando, faxinando.

Fome e sede de justiça: essa é sua quarta fome. Para saciá-la, militou nas Comunidades Eclesiais de Base, na associação de moradores de seu bairro, no movimento estudantil e sindical. Junto com Chico Mendes, fundou a CUT no Acre e depois ajudou a construir o PT.

Exerceu dois mandatos de vereadora em Rio Branco, quando devolveu o dinheiro das mordomias legais, mas escandalosas, forçando os demais vereadores a fazerem o mesmo. Elegeu-se deputada estadual e depois senadora, também por dois mandatos, defendendo os índios, os trabalhadores rurais e os povos da floresta.

Quem viveu da floresta, não quer que a floresta morra. A cidadania ambiental faz parte da sua quinta fome. Ministra do Meio Ambiente, ela criou o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo de Desenvolvimento para gerir as florestas e estimular o manejo florestal.

Combateu, através do Ibama, as atividades predatórias. Reduziu, em três anos, o desmatamento da Amazônia de 57%, com a apreensão de um milhão de metros cúbicos de madeira, prisão de mais 700 criminosos ambientais, desmonte de mais de 1,5 mil empresas ilegais e inibição de 37 mil propriedades de grilagem.

Tudo vira bosta

Esse é o retrato das fomes de Marina da Silva que - na voz de Rita Lee - a descredencia para o exercício da presidência da República porque, no frigir dos ovos, "o ovo frito, o caviar e o cozido/ a buchada e o cabrito/ o cinzento e o colorido/ a ditadura e o oprimido/ o prometido e não cumprido/ e o programa do partido: tudo vira bosta".

Lendo a declaração da roqueira, é o caso de devolver-lhe a letra de outra música - 'Se Manca' - dizendo a ela: "Nem sou Lacan/ pra te botar no divã/ e ouvir sua merda/ Se manca, neném!/ Gente mala a gente trata com desdém/ Se manca, neném/ Não vem se achando bacana/ você é babaca".

Rita Lee é babaca? Claro que não, mas certamente cometeu uma babaquice. Numa de suas músicas - 'Você vem' - ela faz autocrítica antecipada, confessando: "Não entendo de política/ Juro que o Brasil não é mais chanchada/ Você vem… e faz piada". Como ela é mutante, esperamos que faça um gesto grandioso, um pedido de desculpas dirigido ao povo brasileiro, cantando: "Desculpe o auê/ Eu não queria magoar você".

A mesma bala do preconceito disparada contra Marina atingiu também a ministra Dilma Rousseff, em quem Rita Lee também não vota porque, "ela tem cara de professora de matemática e mete medo". Ah, Rita Lee conseguiu o milagre de tornar a ministra Dilma menos antipática! Não usaria essa imagem, se tivesse aprendido elevar uma fração a uma potência, em Manaus, com a professora Mercedes Ponce de Leão, tão fofinha, ou com a nega Nathércia Menezes, tão altaneira.

Deixa ver se eu entendi direito: Marina não serve porque tem cara de fome. Dilma, porque mete mais medo que um exército de logaritmos, catetos, hipotenusas, senos e co-senos. Serra, todos nós sabemos, tem cara de vampiro. Sobra quem?

Se for para votar em quem tem cara de quem comeu (e gostou), vamos ressuscitar, então, Paulo Salim Maluf ou Collor de Mello, que exalam saúde por todos os dentes. Ou o Sarney, untuoso, com sua cara de ratazana bigoduda. Por que não chamar o José Roberto Arruda, dono de um apetite voraz e de cuecões multi-bolsos? Como diriam os franceses, "il péte de santé".

O banqueiro Daniel Dantas, bem escanhoado e já desalgemado, tem cara de quem se alimenta bem. Essa é a elite bem nutrida do Brasil…

Rita Lee não se enganou: Marina tem a cara de fome do Brasil, mas isso não é motivo para deixar de votar nela, porque essa é também a cara da resistência, da luta da inteligência contra a brutalidade, do milagre da sobrevivência, o que lhe dá autoridade e a credencia para o exercício de liderança em nosso país.

Marina Silva, a cara da fome? Esse é um argumento convincente para votar nela. Se eu tinha alguma dúvida, Rita Lee me convenceu definitivamente.

Quem tem medo da Dilma?

Lamentável.

Este é o trabalho das forças 'democráticas' que querem nos livrar da 'terrorista' Dilma. São as mesmas pessoas que dizem que o Chavez é um ditador. É desse tipo de gente que a regina duarte deveria ter medo.


Suspeita de bomba evacua consulado venezuelano no RJ

PRISCILA TRINDADE - Agência Estado
Policiais do Esquadrão Antibombas foram acionados para checar uma suspeita de bomba no Consulado da Venezuela, em Botafogo, na zona sul do Rio, na manhã desta quarta-feira. No entanto, o artefato não era explosivo. A polícia foi acionada após uma funcionária receber hoje cedo o pacote com o seguinte recado: "cuidado, isso é uma bomba". Em seguida, o prédio do consulado foi esvaziado por precaução.
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,suspeita-de-bomba-evacua-consulado-venezuelano-no-rj,538267,0.htm


Fazer o quê?

terça-feira, 13 de abril de 2010

Pesquisa de opinião

Não acredito em pesquisa de opinião, mas o jornal nacional acredita. Nem mencionou a nova pesquisa CNT/Sensus porque é desfavorável ao candidato queridinho da imprensa.

O portal G1 não conseguiu esconder, mas escorreu o veneno:

"Pesquisa Sensus mostra empate entre Serra e Dilma"
"A pesquisa foi encomendada por um sindicato e feita entre 5 e 9 de abril."

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1568398-5601,00-PESQUISA+SENSUS+MOSTRA+EMPATE+ENTRE+SERRA+E+DILMA.html

'Encomendada por um sindicato', sutil como um hipopótamo com diarréia, só para desqualificar a pesquisa.

Lamentável.

domingo, 11 de abril de 2010

O papel da imprensa

A imprensa está executando um trabalho exemplar no caso da tragédia que se abateu sobre o Rio de Janeiro. Está cobrando ações e explicações das autoridades competentes. Sem dó nem piedade. Estas pessoas foram eleitas porque, em tese, são capazes de resolver problemas e não podem se colocar acima do bem e do mal.

Pena que a imprensa não teve a mesma atitude durante a tragédia de São Paulo. A capa da Veja desta semana afirma corretamente que 'culpar a chuva é demagogia'. Porque, então, durante os eventos trágicos de São Paulo, tanto o governador quanto o prefeito acusaram São Pedro e a imprensa comprou esta tese? Porque a imprensa responsabilizou a população pobre pelas enchentes, fazendo inúmeras reportagens sobre os porcalhões que jogam lixo na rua?

Perguntas que a imprensa não fez às autoridades paulistas:

1. Porque o Serra interrompeu a dragagem dos rios?
2. Porque o Kassab demorou 45 dias para decretar estado de emergência?
3. Quem autorizou a construção de infra-estrutura, inclusive uma escola municipal, em um bairro chamado Jardim Pantanal (o bairro não se chama pantanal à toa).

Mais um caso de dois pesos, duas medidas. Mais uma vez a imprensa passa a mão na cabeça dos amigos do Instituto Millenium (Vide: http://www.imil.org.br )

A imprensa serve ao triste papel de forrar a gaiola dos tucanos a fim de aparar as eventuais 'sujeiras' destes animais que precisam ser extintos na próxima eleição.

A verdadeira escolha de Sofia

MENSAGEM:

Serra ou Dilma? A Escolha de Sofia

Rodrigo Constantino

“Tudo que é preciso para o triunfo do mal é que as pessoas de bem nada façam.” (Edmund Burke)

Aécio Neves pulou fora da corrida presidencial de 2010. Agora é praticamente oficial: José Serra e Dilma Rousseff são as duas opções viáveis nas próximas eleições. Em quem votar? Esse é um artigo que eu não gostaria de ter que escrever, mas me sinto na obrigação de fazê-lo. Afinal, o futuro e a liberdade está em jogo. Será que há necessidade de optar? Ou será que o voto nulo representa a única alternativa?

Tais questões me levaram à lembrança do excelente livro O Sonho de Cipião, de Iain Pears, uma leitura densa que desperta boas reflexões sobre o neoplatonismo. Quando a civilização está em xeque, até onde as pessoas de bem podem ir, na tentativa de salvá-la da barbárie completa? Nas palavras do autor: “Usamos os bárbaros para controlar a barbárie? Podemos explorá-los de modo que preservem os valores civilizados ao invés de destruí-los? Os antigos atenienses tinham razão ao dizerem que assumir qualquer lado é melhor do que não assumir nenhum?”

Permanecer na “torre de marfim”, preservando uma visão ideal de mundo, sem sujar as mãos com um voto infame, sem dúvida traz conforto. Manter a paz da consciência tem seus grandes benefícios individuais. Além disso, o voto nulo tem seu papel pragmático também: ele representa a única arma de protesto político contra todos que estão aí, contra o sistema podre atual. Somente no dia em que houver mais votos nulos do que votos em candidatos o recado das urnas será ouvido como um brado retumbante, alertando que é chegada a hora de mudanças estruturais. Os eleitos sempre abusam do respaldo das urnas, dos milhões de eleitores que deram seu aval ao programa de governo do vencedor, ainda que muitas vezes tal voto seja fruto do desespero, da escolha no “menos pior”.

Mas existem momentos tão delicados e extremos, onde o que resta das liberdades individuais está pendurado por um fio, que talvez essa postura idealista e de longo prazo não seja razoável. Será que não valeria a pena ter fechado o nariz e eliminado o Partido dos Trabalhadores Nacional-Socialista em 1933 na Alemanha, antes que Hitler pudesse chegar ao poder? Será que o fim de eliminar Hugo Chávez justificaria o meio deplorável de eleger um candidato horrível, mas menos louco e autoritário? São questões filosóficas complexas. Confesso ficar angustiado quando penso nisso.

Voltando à realidade brasileira, temos um verdadeiro monopólio da esquerda na política nacional, PT e PSDB. Mas existem algumas diferenças importantes também. O PT tem mais ranço ideológico, mais sede pelo poder absoluto, mais disposição para adotar quaisquer meios – os mais abjetos – para tal meta. O PSDB parece ter mais limites éticos quanto a isso. O PT associou-se aos mais nefastos ditadores, defende abertamente grupos terroristas, carrega em seu âmago o DNA socialista. O PSDB não chega a tanto.

Além disso, há um fator relevante de curto prazo: o governo Lula aparelhou a máquina estatal toda, desde os três poderes, passando pelo Itamaraty, STF, Polícia Federal, as ONGs, as estatais, as agências reguladoras, tudo! O projeto de poder do PT é aquele seguido por Chávez na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador, enfim, todos os comparsas do Foro de São Paulo. Se o avanço rumo ao socialismo não foi maior no Brasil, isso se deve aos freios institucionais, mais sólidos aqui, e não ao desejo do próprio governo. A simbiose entre Estado e governo na gestão Lula foi enorme. O estrago será duradouro. Mas quanto antes for abortado, melhor será: haverá menos sofrimento no processo de ajuste.

Justamente por isso acredito que os liberais devem olhar para este aspecto fundamental, e ignorar um pouco as semelhanças entre Serra e Dilma, mas uma continuação da gestão petista através de Dilma é um tiro certo rumo ao pior. Dilma é tão autoritária ou mais que Serra, com o agravante de ter sido uma terrorista na juventude comunista, lutando não contra a ditadura, mas sim por outra ainda pior, aquela existente em Cuba ainda hoje. Ela nunca se arrependeu de seu passado vergonhoso; pelo contrário, sente orgulho. Seu grupo Colina planejou diversos assaltos e assassinatos.

Como anular o voto sabendo que esta senhora poderá ser nossa próxima presidente?! Como virar a cara sabendo que isso pode significar passos mais acelerados em direção ao socialismo “bolivariano”?

Entendo que para os defensores da liberdade individual, escolher entre Dilma e Serra é como uma escolha de Sofia: a derrota está anunciada antes mesmo da decisão. Mesmo o resultado “desejado” será uma vitória de Pirro. Algo como escolher entre um soco na cara ou no estômago. Mas situações extremas demandam medidas extremas, e infelizmente colocam certos valores puristas em xeque. Anular o voto, desta vez, pode significar o triunfo definitivo do mal. Em vez de soco na cara ou no estômago, podemos acabar com um tiro na nuca.

Dito isso, assumo que votarei em Serra, mas não sem antes tomar um Engov. Meu voto é anti-PT acima de qualquer coisa. Meu voto é contra o Lula, contra o Chávez, que já declarou abertamente apoio a Dilma. Meu voto não é a favor de Serra.. E, no dia seguinte da eleição, já serei um crítico tão duro ao governo Serra como sou hoje ao governo Lula. Mas, antes é preciso retirar a corja que está no poder. Antes é preciso desarmar a quadrilha que tomou conta de Brasília. Ainda que depois ela seja substituída por outra parecida em muitos aspectos. Só o desaparelhamento de petistas do Estado já seria um ganho para a liberdade, ainda que momentâneo.

Respeito meus colegas liberais que discordam de mim e pretendem anular o voto. Mas espero ter sido convincente de que o momento pede um pacto temporário, como única chance de salvar o que resta da civilização brasileira – o que não é muito.

Fonte: http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2009_12_01_archive.html


RESPOSTA:

Tem toda razão. A próxima eleição será de fato a escolha de sofia e, qualquer que seja o resultado, será mesmo uma vitória de Pirro.

O autor demonstra pouca noção do que vem a ser esquerda ou direita. Talvez ele seja ambidestro, sei lá. Chamar PSDB, o partido do neoliberalismo, de "esquerdista" só pode ser piada.

É verdade que o PT possui forte ranço ideológico. Por outro lado, o PSDB ainda está apegado ao neoliberalismo, à guerra fria e ao americanismo subserviente. Quer coisa mais rançosa do que esta?

José Serra já demonstrou ser capaz de qualquer coisa para alcançar o poder. Com dossiês falsos e controle da imprensa, que se identifica ideologicamente com o PSDB, Serra consegue manter a pose de 'economista competente' e 'candidato preparado'.
Vide: http://pulexpuniceus.blogspot.com/2010/02/da-serie-serra-o-rei-do-papel.html

No campo ético, vamos lá, não há tanta diferença assim. Um mensalão lá, outro mensalão cá. Se formos enumerar os desvios éticos do governo FHC, a lista vai ser bem longa. Vamos lembrar apenas alguns: No caso das ambulâncias superfaturadas, Serra estava lá. No caso do projeto SIVAM, Serra estava lá. Privatizações/doações, Serra estava lá. O PSDB não pode atirar a primeira pedra.

Os nefastos ditadores aos quais o PT se associou, são líderes eleitos democraticamente em seus respectivos países, que importam do Brasil bilhões de dólares por ano. Só porque os americanos não gostam do Chaves nós temos que jogar pedra nele também? Os inimigos dos americanos têm que ser nossos inimigos? O que é bom para os states é bom para o Brasil? O PSDB é subserviente aos interesses americanos.

Todos os partidos, quando chegam ao poder, 'aparelham' a máquina estatal. Sempre foi assim. Será sempre assim enquanto houver política partidária. Por exemplo: No governo FHC o PSDB aparelhou a Petrobrax. Como resultado, todos os piores desastres ecológicos da história do Brasil foram causados pela Petrobrax neste nefasto período. Os competentes administradores do PSDB fizeram a Petrobrax investir no gás boliviano, e deu no que deu. Sem falar na P36. Hoje, os sindicalistas que aparelham a Petrobrás parecem mais competentes. Em vez de investir na Bolívia, os CUTistas investiram no Brasil e descobriram o pré-sal.

A afirmação de que Dilma foi terrorista carece de evidências concretas. Depois do fiasco da ficha do DOPS forjada no Photoshop que a Falha de São Paulo publicou na primeira página ficou difícil acreditar em qualquer coisa. Supondo que ela tenha mesmo participado da luta armada, deve-se diferenciar luta de terrorismo. Luta é o combate contra um inimigo, o ditador militar fortemente armado. Terrorismo é bomba no riocentro, tentativa de explodir o gasômetro, bomba na OAB...

Se colocarmos lado a lado os números dos governos FHC e lulla, veremos que o Brasil está infinitamente melhor hoje do que antes. Só para dar alguns exemplos:

MÉTRICA FHC LULLA
FMI 3x para pedir esmola 1x para emprestar uns trocados
Escolas construídas 0 (zero) 10 Universidades Federais e 140 Escolas Técnicas
Crises Asiática, Russa e dos mercados emergentes (3 marolinhas que se transformaram em tsunamis aqui no Brasil) Americana e Européia (a pior crise desde 1929 que virou uma marolinha)
Risco Brasil 2500 200

Outros fatos relevantes acerca do governo FHC são falsidade ideológica, ao afirmar ser o autor do plano real, maxidesvalorização do real, compra da reeleição...

O PT tem zilhões de coisas a explicar e outros tantos defeitos irreparáveis. Por outro lado, quando o PSDB esteve no poder destruiu o que não pôde roubar. As estatais que não foram privatizadas a preço de banana, foram sucateadas. Os servidores públicos foram substituídos por terceirizados mal remunerados, mesmo nos casos em que a Constituição proíbe.

A verdadeira escolha de Sofia é decidir entre quem "rouba mas faz" e quem "rouba mas destrói o que não consegue roubar".

quarta-feira, 7 de abril de 2010

PSDB é a favor da Comissão da Verdade

Por força da chuva, preso no trânsito, tive que ouvir a Hora do Brasil. Coisa de louco.

O Senador Arthur Virgílio (PSDB) está descontente com a política externa do Brasil. O lula foi a Cuba e não cobrou explicações sobre os direitos humanos. Como pode?

O ilustre senador quer investigar os casos de tortura... em Cuba.
O ilustre senador quer investigar os casos de desaparecimentos políticos... em Cuba.
O ilustre senador quer investigar os casos de prisioneiros políticos... em Cuba.

O PSDB é a favor da Comissão da Verdade... em Cuba. Aqui, não!

Seria cômico se não fosse tão sério.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

"Aloprado" do PT vira fazendeiro no sul da Bahia

NOTÍCIA:

04/04/2010 - 07h54

Apontado em 2006 pela Polícia Federal como o homem da mala de dinheiro que seria usada na compra de um dossiê contra tucanos, no "escândalo dos aloprados", Hamilton Lacerda virou fazendeiro na Bahia, informa reportagem de Hudson Corrêa e Leonardo Souza, publicada neste domingo pela Folha (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal).

O ex-assessor do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que ganhava R$ 5.000, agora tem negócios de R$ 1,5 milhão e sociedade com Juscelino Dourado, ex-assessor de Antonio Palocci, envolvido com um suposto negociador de propina para o PT.

Lacerda também é fundador e um dos sócios da Bahia Reflorestamento, que mantém plantações de eucalipto na fazenda Olho d'Água, no município de Encruzilhada (BA).

Com 247 hectares de área, a propriedade está avaliada em aproximadamente R$ 500 mil.

Outro lado

Preposto de Lacerda na Bahia, Breno Macedo Santos disse que está à frente do negócio de reflorestamento: "Na realidade sou eu que trabalho com isso. Vocês estão distorcendo isso". Santos disse que Lacerda é "um familiar" dele, mas não informou o grau de parentesco.

A Folha deixou recado na casa de Lacerda em São Caetano do Sul e enviou mensagem por celular e e-mail. Lacerda mandou um assessor perguntar qual era o assunto. Informado, não quis falar. Juscelino Dourado não ligou de volta.

"Aloprados"

Acusado pela Polícia Federal de fornecer uma mala com R$ 1,7 milhão para compra de dossiê contra tucanos na campanha de 2006, Lacerda foi reconduzido aos quadros do PT no início de fevereiro.

Pressionado pela cúpula petista, ele pediu desfiliação logo após a PF apreender o dinheiro em um hotel de São Paulo em setembro de 2006 --flagrante que levou à crise na campanha de reeleição de Lula.

Com a vitória no primeiro turno frustrada pelo caso, o presidente chamou de aloprados Lacerda e os demais envolvidos na compra do dossiê.

Investigado pela PF e por uma CPI no Congresso, Lacerda nunca disse a origem do dinheiro usado para compra do dossiê. Uma revelação poderia causar maiores danos a caciques petistas.

Ele sempre manteve a versão de que, em vez de R$ 1,7 milhão, entregou roupas no hotel a dois emissários que comprariam o dossiê (planilhas, fotos e fitas de vídeo sobre venda de ambulâncias).

Até hoje, a PF ainda não comprovou a origem da quantia, mas indiciou Lacerda por suposta lavagem de dinheiro.

Leia a reportagem completa na Folha deste domingo, que já está nas bancas.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u715999.shtml

RESPOSTA:

Lamentável.

Por falta de escândalo novo, passei ferro no velho.

A Falha de São Paulo só esqueceu de dizer que o dossiê era contra o José Serra, supostamente envolvido com a máfia das ambulâncias no tempo em que era ministro da saúde. Se a Falha fosse um jornal responsável deveria exigir da PF a investigação das denúncias contidas no dossiê. 

O mais risível é o arremedo de imparcialidade. O jornal finge apresentar o outro lado da matéria, mas já de cara afirma que o entrevistado está mentindo ao dizer que ele é preposto e não quem afirma ser.

Essa história não tem mocinhos, só bandidos. E isso inclui os 'jornalistas'.

Fazer o quê?

domingo, 4 de abril de 2010

2010: Cristais quebrados

MENSAGEM:

* (Atribuído a) Carlos Vereza

Não é necessário ser profeta para revelar antecipadamente o que será o ano eleitoral de 2010.

Ou existe alguém com tamanha ingenuidade para acreditar que o “fascismo galopante” que aparelhou o estado brasileiro, vá, pacificamente, entregar a um outro presidente, que não seja do esquema lulista, os cargos, as benesses, os fundos de pensão, o nepotismo, enfim, a mais deslavada corrupção jamais vista no Brasil?

Lula, já declarou, que (sic) “2010 vai pegar fogo!”. Entenda-se por mais esta delicadeza gramatical, golpes abaixo da cintura: Dossiês falsos, PCC “em rebelião”, MST convulsionando o país… Que a lei de Godwin me perdoe - mas assistiremos em versão tupiniquim, a Kristallnacht, A Noite dos Cristais que marcou em 1938 o trágico início do nazismo na Alemanha.

E os “judeus” serão todos os democratas, os meios de comunicação não cooptados (verificar mais uma tentativa de cercear a liberdade de expressão no país: em texto aprovado pelo diretório nacional do PT, é proposto o controle público dos meios de comunicação e mecanismos de sanção à imprensa). Tudo isso para a perpetuação no poder de um partido que traiu um discurso de ética e moralidade ao longo de mais de 25 anos e, gradativamente, impõe ao país um assustador viés autoritário. Não se surpreendam: Há todo um lobby nacional e internacional visando a manutenção de Lula no poder.

Prêmios, como por exemplo, o Chatham House, em Londres, que contou com “patrocínios” de estatais como Petrobras, BNDS e Banco do Brasil, sem, até agora, uma explicação convincente por parte dos “patrocinadores” ; matérias em revistas estrangeiras, enaltecendo o “mantenedor da estabilidade na América Latina”. Ou seja: a montagem virtual de um grande estadista…

Na verdade, Lula, é o übermensch dos especuladores que lucram como “nunca na história deste país”.

Sendo assim, quem, em perfeito juízo, pode supor que este ególatra passará, democraticamente, a faixa presidencial para, por exemplo, José Serra, ou mesmo Aécio Neves?

Pelo que já vimos de “inaugurações” de obras que sequer foram iniciadas, de desrespeito às leis eleitorais, do boicote às CPIs, como o da Petrobras, do MST e tantos outros “deslizes”, temos o suficiente para imaginar o que será a “disputa” eleitoral em 2010.

Confiram.

*Ator
"Pondere bastante ao se decidir, pois é você que vai carregar - sozinho e sempre - o peso das escolhas que fizer."


RESPOSTA:

A mais deslavada corrupção foi o esquema da privatização do FHC. Aquilo sim rendeu bilhões aos amigos do rei. Haja cueca para transportar tudo isso. 

Dossiê falso, como aquele das contas do Lula e do então Diretor da PF no exterior, escrito a quatro mãos pelo jornalista da revista Veja e pelo banqueiro bandido condenado, o maior beneficiário do esquema da privatização do FHC? Ah bom!

Por falar em dossiê... onde foi parar o famoso dossiê dos aloprados? Pelo que eu me lembre, minutos depois da prisão dos aloprados a Ótima Bernardes apareceu dizendo que o dossiê era falso. Como? Alguém já investigou as denúncias contidas nele? O dossiê denunciava a ligação entre o ministro da saúde Serra e a máfia das ambulâncias superfaturadas. Isso não parece tão absurdo assim. 

Acho que o lula, quando ouve certas bobagens, deve dizer 'tudo eu, tudo eu'. O governo paulista, tucano há 15 anos, não consegue conter a criminalidade e a culpa é do lula. Parece piada. O traficante colombiano Abadia, quando foi preso pela Polícia Federal, declarou que a única forma de acabar com o narcotráfico em São Paulo é fechar o DENARC. E a culpa é do lula. Fala sério.

Liberdade de expressão é um valor muito importante e precisa ser protegido. O problema é: o que fazer quando a imprensa usa a liberdade para mentir e caluniar? A imprensa acusou o lula de ter assassinado 199 pessoas quando o avião da TAM caiu. A imprensa criou pânico durante o episódio da febre amarela e chegou a matar alguns desavisados por overdose de vacina. A imprensa pegou na internet uma ficha do DOPS fabricada no photoshop e publicou na primeira página como se fosse verdadeira. Para piorar, quando foi provado que a ficha era falsa, se recusou a publicar qualquer retratação. São tantos e tão escabrosos os casos de má fé que fica a pergunta: como obrigar a imprensa a ter um padrão mínimo de dignidade?

Não sei de onde esse povo tira certas idéias. Lobby a favor do lula? Não na imprensa brasileira. Será que a imprensa internacional foi subornada para apoiar o lula? Uau! Se isso fosse possível, porque o Berlusconi não fez a mesma coisa?

A Chatham House, também conhecida como Instituto Real para Assuntos Internacionais, constituída por Lords ingleses a serviço de Sua Majestade, foi 'subornada' pelo lula para dar a ele o prêmio de estadista do ano. Só de pronunciar esta frase em voz alta já dá para perceber que se trata de uma bobagem de dimensões descomunais. É isso que dá ler a coluna do Cláudio Humberto, o porta-voz do governo Collor.

Não tenho dúvidas de que, quando terminar o mandato, lula vai passar a faixa ao vencedor das próximas eleições. Quem teve problemas com isso foi FHC, que subornou o congresso para conseguir um mandato extra. A dúvida é: será que o verdadeiro vencedor das eleições vai receber a faixa? A urna eletrônica não é segura e não permite recontagem de votos. Não esqueça a Proconsult. Tudo é possível.

Serra inaugurou maquete, inaugurou o rodoanel de 5 BILHÕES por 57 quilômetros que não foi concluído, inaugurou a cratera do metrô que matou 7 pessoas, inaugurou a megadiarréia que atingiu o litoral sob patrocínio da SABESP, inaugurou novos cassetetes da PM para atingir alunos e professores... A imprensa só esqueceu de mencionar que o rodoanel, obra tão cantada em prosa e verso, está incluído no PAC e recebeu verba federal.

A imprensa falou que o PAC empacou, que o governo lançou o PAC 2 sem concluir o primeiro, blábláblá. Todos concordam que quarenta porcento do PAC foi concluído. Quem conhece o setor público sabe que um projeto 40% concluído é muita coisa. Em segundo lugar, 40% de 600 BILHÕES não é pouca coisa não. Será que os investimentos em infra-estrutura do FHC superam o PAC? Os tucanos de plantão que mostrem os números. 

Acho muito difícil que o texto tenha sido escrito pelo ator Carlos Vereza. Tanta desinformação só pode vir de leitores cujos neurônios já foram irremediavelmente destruídos por esse lixo chamado imprensa brasileira.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Castelos de areia

O que há de errado com as empreiteiras das obras paulistas?

O metrô afundou numa cratera, o rodoanel desabou e agora conjunto habitacional que ainda nem estava habitado desabou.

Não acredito em azar.

Por falar em rodoanel, 5 BILHÕES de reais por 57 quilômetros de rodovia... Uau! Nem Maluf teria coragem de ir tão longe.

Globonews tenta reescrever a história

A Globonews agora resolveu recontar a história do Brasil. Ainda não pôs no ar o programa, mas só pelas chamadas nos intervalos já dá para ver que eles estão dispostos a assassinar a verdade.

Os generais entrevistados dizem que ninguém foi torturado, ninguém foi assassinado, não houve censura, não houve perseguição política...

O que eu nunca vou entender é como tantas pessoas educadas podem negar a realidade com tanta ênfase só para sustentar uma ideologia (a mesma que ditou as regras da guerra fria). Eles não aceitam que o Brasil está melhor hoje do que na época do neoliberalismo.

Lamentável.

Pé-de-pato, mangalô, três vezes

Para quem está cansado do pessimismo do Mau Dia Brasil e dos terríveis vaticínios da urubóloga oficial Mírian Leilão, vou postar aqui algumas matérias da BBC e do Wall Street Journal. Só a imprensa estrangeira dá boas notícias sobre o Brasil.

Empresários do Brasil são os mais otimistas sobre economia global, diz pesquisa
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/03/100329_otimismo_kpmg_rw.shtml

Brasil mantém 2ª maior expectativa de empregos em pesquisa global
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/03/100309_empregos_rc.shtml

Brasil sobe duas posições e é 4º em ranking de investimento
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/01/100127_brasil_investimento_vdm.shtml

For Brazil, It's Finally Tomorrow
Brasil já é a maior economia da América Latina e a 10a maior do mundo. Em 2050, o Brasil provavelmente subirá para o quarto lugar, pulando países como Alemanha, Japão e Reino Unido, de acordo com estudo do Goldman Sachs.
http://online.wsj.com/article/SB10001424052748704743404575127913634823670.html

Fazer o quê?

A mágica da imprensa brasileira

Mágica. Simplesmente mágica. Agora você vê, agora você não vê. Assim funciona a imprensa brasileira.

Ontem, dia 31/3, eu vi na Globonews a matéria sobre o militar colombiano libertado pelas FARC.

Na edição das 6 horas da manhã o rapaz libertado foi efusivo em seus agradecimentos ao Lula, Chavez e Correa (presidente do Equador).

Na edição das 7 horas os agradecimentos sumiram. No lugar, a Globonews divulgou um inflamado discurso do Uribe, queridinho dos neoliberais.

E assim se dá a mágica.