domingo, 11 de abril de 2010

A verdadeira escolha de Sofia

MENSAGEM:

Serra ou Dilma? A Escolha de Sofia

Rodrigo Constantino

“Tudo que é preciso para o triunfo do mal é que as pessoas de bem nada façam.” (Edmund Burke)

Aécio Neves pulou fora da corrida presidencial de 2010. Agora é praticamente oficial: José Serra e Dilma Rousseff são as duas opções viáveis nas próximas eleições. Em quem votar? Esse é um artigo que eu não gostaria de ter que escrever, mas me sinto na obrigação de fazê-lo. Afinal, o futuro e a liberdade está em jogo. Será que há necessidade de optar? Ou será que o voto nulo representa a única alternativa?

Tais questões me levaram à lembrança do excelente livro O Sonho de Cipião, de Iain Pears, uma leitura densa que desperta boas reflexões sobre o neoplatonismo. Quando a civilização está em xeque, até onde as pessoas de bem podem ir, na tentativa de salvá-la da barbárie completa? Nas palavras do autor: “Usamos os bárbaros para controlar a barbárie? Podemos explorá-los de modo que preservem os valores civilizados ao invés de destruí-los? Os antigos atenienses tinham razão ao dizerem que assumir qualquer lado é melhor do que não assumir nenhum?”

Permanecer na “torre de marfim”, preservando uma visão ideal de mundo, sem sujar as mãos com um voto infame, sem dúvida traz conforto. Manter a paz da consciência tem seus grandes benefícios individuais. Além disso, o voto nulo tem seu papel pragmático também: ele representa a única arma de protesto político contra todos que estão aí, contra o sistema podre atual. Somente no dia em que houver mais votos nulos do que votos em candidatos o recado das urnas será ouvido como um brado retumbante, alertando que é chegada a hora de mudanças estruturais. Os eleitos sempre abusam do respaldo das urnas, dos milhões de eleitores que deram seu aval ao programa de governo do vencedor, ainda que muitas vezes tal voto seja fruto do desespero, da escolha no “menos pior”.

Mas existem momentos tão delicados e extremos, onde o que resta das liberdades individuais está pendurado por um fio, que talvez essa postura idealista e de longo prazo não seja razoável. Será que não valeria a pena ter fechado o nariz e eliminado o Partido dos Trabalhadores Nacional-Socialista em 1933 na Alemanha, antes que Hitler pudesse chegar ao poder? Será que o fim de eliminar Hugo Chávez justificaria o meio deplorável de eleger um candidato horrível, mas menos louco e autoritário? São questões filosóficas complexas. Confesso ficar angustiado quando penso nisso.

Voltando à realidade brasileira, temos um verdadeiro monopólio da esquerda na política nacional, PT e PSDB. Mas existem algumas diferenças importantes também. O PT tem mais ranço ideológico, mais sede pelo poder absoluto, mais disposição para adotar quaisquer meios – os mais abjetos – para tal meta. O PSDB parece ter mais limites éticos quanto a isso. O PT associou-se aos mais nefastos ditadores, defende abertamente grupos terroristas, carrega em seu âmago o DNA socialista. O PSDB não chega a tanto.

Além disso, há um fator relevante de curto prazo: o governo Lula aparelhou a máquina estatal toda, desde os três poderes, passando pelo Itamaraty, STF, Polícia Federal, as ONGs, as estatais, as agências reguladoras, tudo! O projeto de poder do PT é aquele seguido por Chávez na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador, enfim, todos os comparsas do Foro de São Paulo. Se o avanço rumo ao socialismo não foi maior no Brasil, isso se deve aos freios institucionais, mais sólidos aqui, e não ao desejo do próprio governo. A simbiose entre Estado e governo na gestão Lula foi enorme. O estrago será duradouro. Mas quanto antes for abortado, melhor será: haverá menos sofrimento no processo de ajuste.

Justamente por isso acredito que os liberais devem olhar para este aspecto fundamental, e ignorar um pouco as semelhanças entre Serra e Dilma, mas uma continuação da gestão petista através de Dilma é um tiro certo rumo ao pior. Dilma é tão autoritária ou mais que Serra, com o agravante de ter sido uma terrorista na juventude comunista, lutando não contra a ditadura, mas sim por outra ainda pior, aquela existente em Cuba ainda hoje. Ela nunca se arrependeu de seu passado vergonhoso; pelo contrário, sente orgulho. Seu grupo Colina planejou diversos assaltos e assassinatos.

Como anular o voto sabendo que esta senhora poderá ser nossa próxima presidente?! Como virar a cara sabendo que isso pode significar passos mais acelerados em direção ao socialismo “bolivariano”?

Entendo que para os defensores da liberdade individual, escolher entre Dilma e Serra é como uma escolha de Sofia: a derrota está anunciada antes mesmo da decisão. Mesmo o resultado “desejado” será uma vitória de Pirro. Algo como escolher entre um soco na cara ou no estômago. Mas situações extremas demandam medidas extremas, e infelizmente colocam certos valores puristas em xeque. Anular o voto, desta vez, pode significar o triunfo definitivo do mal. Em vez de soco na cara ou no estômago, podemos acabar com um tiro na nuca.

Dito isso, assumo que votarei em Serra, mas não sem antes tomar um Engov. Meu voto é anti-PT acima de qualquer coisa. Meu voto é contra o Lula, contra o Chávez, que já declarou abertamente apoio a Dilma. Meu voto não é a favor de Serra.. E, no dia seguinte da eleição, já serei um crítico tão duro ao governo Serra como sou hoje ao governo Lula. Mas, antes é preciso retirar a corja que está no poder. Antes é preciso desarmar a quadrilha que tomou conta de Brasília. Ainda que depois ela seja substituída por outra parecida em muitos aspectos. Só o desaparelhamento de petistas do Estado já seria um ganho para a liberdade, ainda que momentâneo.

Respeito meus colegas liberais que discordam de mim e pretendem anular o voto. Mas espero ter sido convincente de que o momento pede um pacto temporário, como única chance de salvar o que resta da civilização brasileira – o que não é muito.

Fonte: http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2009_12_01_archive.html


RESPOSTA:

Tem toda razão. A próxima eleição será de fato a escolha de sofia e, qualquer que seja o resultado, será mesmo uma vitória de Pirro.

O autor demonstra pouca noção do que vem a ser esquerda ou direita. Talvez ele seja ambidestro, sei lá. Chamar PSDB, o partido do neoliberalismo, de "esquerdista" só pode ser piada.

É verdade que o PT possui forte ranço ideológico. Por outro lado, o PSDB ainda está apegado ao neoliberalismo, à guerra fria e ao americanismo subserviente. Quer coisa mais rançosa do que esta?

José Serra já demonstrou ser capaz de qualquer coisa para alcançar o poder. Com dossiês falsos e controle da imprensa, que se identifica ideologicamente com o PSDB, Serra consegue manter a pose de 'economista competente' e 'candidato preparado'.
Vide: http://pulexpuniceus.blogspot.com/2010/02/da-serie-serra-o-rei-do-papel.html

No campo ético, vamos lá, não há tanta diferença assim. Um mensalão lá, outro mensalão cá. Se formos enumerar os desvios éticos do governo FHC, a lista vai ser bem longa. Vamos lembrar apenas alguns: No caso das ambulâncias superfaturadas, Serra estava lá. No caso do projeto SIVAM, Serra estava lá. Privatizações/doações, Serra estava lá. O PSDB não pode atirar a primeira pedra.

Os nefastos ditadores aos quais o PT se associou, são líderes eleitos democraticamente em seus respectivos países, que importam do Brasil bilhões de dólares por ano. Só porque os americanos não gostam do Chaves nós temos que jogar pedra nele também? Os inimigos dos americanos têm que ser nossos inimigos? O que é bom para os states é bom para o Brasil? O PSDB é subserviente aos interesses americanos.

Todos os partidos, quando chegam ao poder, 'aparelham' a máquina estatal. Sempre foi assim. Será sempre assim enquanto houver política partidária. Por exemplo: No governo FHC o PSDB aparelhou a Petrobrax. Como resultado, todos os piores desastres ecológicos da história do Brasil foram causados pela Petrobrax neste nefasto período. Os competentes administradores do PSDB fizeram a Petrobrax investir no gás boliviano, e deu no que deu. Sem falar na P36. Hoje, os sindicalistas que aparelham a Petrobrás parecem mais competentes. Em vez de investir na Bolívia, os CUTistas investiram no Brasil e descobriram o pré-sal.

A afirmação de que Dilma foi terrorista carece de evidências concretas. Depois do fiasco da ficha do DOPS forjada no Photoshop que a Falha de São Paulo publicou na primeira página ficou difícil acreditar em qualquer coisa. Supondo que ela tenha mesmo participado da luta armada, deve-se diferenciar luta de terrorismo. Luta é o combate contra um inimigo, o ditador militar fortemente armado. Terrorismo é bomba no riocentro, tentativa de explodir o gasômetro, bomba na OAB...

Se colocarmos lado a lado os números dos governos FHC e lulla, veremos que o Brasil está infinitamente melhor hoje do que antes. Só para dar alguns exemplos:

MÉTRICA FHC LULLA
FMI 3x para pedir esmola 1x para emprestar uns trocados
Escolas construídas 0 (zero) 10 Universidades Federais e 140 Escolas Técnicas
Crises Asiática, Russa e dos mercados emergentes (3 marolinhas que se transformaram em tsunamis aqui no Brasil) Americana e Européia (a pior crise desde 1929 que virou uma marolinha)
Risco Brasil 2500 200

Outros fatos relevantes acerca do governo FHC são falsidade ideológica, ao afirmar ser o autor do plano real, maxidesvalorização do real, compra da reeleição...

O PT tem zilhões de coisas a explicar e outros tantos defeitos irreparáveis. Por outro lado, quando o PSDB esteve no poder destruiu o que não pôde roubar. As estatais que não foram privatizadas a preço de banana, foram sucateadas. Os servidores públicos foram substituídos por terceirizados mal remunerados, mesmo nos casos em que a Constituição proíbe.

A verdadeira escolha de Sofia é decidir entre quem "rouba mas faz" e quem "rouba mas destrói o que não consegue roubar".

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