quinta-feira, 18 de março de 2010

A decepção internacional com Lula

MENSAGEM:

Para Luiz Inácio Lula da Silva, os presos políticos cubanos são delinquentes como os piores criminosos encarcerados nas prisões do Brasil. Lula adotou, cruelmente, o ponto de vista de seu amigo Fidel Castro. Para ele, pedir eleições democráticas, emprestar livros proibidos e escrever em jornais estrangeiros - os "delitos" cometidos pelos 75 dissidentes presos em 2003, condenados a até 28 anos - equivale a matar, roubar ou sequestrar. Para Lula, Oscar Elías Biscet, um médico negro sentenciado a 25 anos por defender os direitos humanos e se opor ao aborto, é apenas um criminoso empedernido. Dentro de seu curioso código moral, é compreensível a morte do preso político Orlando Zapata ou a possível morte de Guillermo Fariñas, em greve de fome para pedir a libertação de 26 presos políticos doentes.

Os democratas cubanos não são os únicos decepcionados com o brasileiro. Na última etapa de seu governo, Lula está demolindo a boa imagem que desfrutou no começo. Recordo, há cerca de três anos, uma conversa que tive no Panamá com Jeb Bush, ex-governador da Flórida. Ele me disse que seu irmão George, então presidente dos EUA, tinha uma relação magnífica com Lula e estava convencido de que ele era um aliado leal. Isso me pareceu uma ingenuidade, mas não comentei a questão.

Alguns dias atrás, um ex-embaixador americano, que prefere o anonimato, me disse exatamente o contrário: "Todos nos equivocamos com Lula. Ele é um inimigo contumaz do Ocidente e, muito especialmente, dos EUA, embora trate de dissimulá-lo". E, em seguida, com certa indignação, criticou a cumplicidade do Brasil com o Irã no tema das sanções pelo desenvolvimento de armas nucleares, o apoio permanente a Hugo Chávez e a irresponsabilidade com que manejou a crise de Honduras ao conceder asilo a Manuel Zelaya na embaixada em Tegucigalpa, violando as regras da diplomacia internacional.

Na realidade, o comportamento de Lula não é surpreendente. Em 1990, quando o Muro de Berlim foi derrubado, o líder do Partido dos Trabalhadores apressou-se em criar o Fórum de São Paulo com Fidel Castro para coordenar a colaboração entre as forças violentas e antidemocráticas da América Latina. Ali estavam as guerrilhas das Farc e do ELN na Colômbia, partidos comunistas de outros tantos países, a FSLN da Nicarágua e o FMLN de El Salvador. Enquanto o mundo livre celebrava o desaparecimento da União Soviética e das ditaduras comunistas no Leste Europeu, Lula e Fidel recolhiam os escombros do marxismo violento para tratar de manter vigente o discurso político que conduziu a esse pesadelo, e estabeleciam uma cooperação internacional que substituísse a desvanecida liderança soviética na região.

No Brasil, sujeito a uma realidade política que não pôde modificar, Lula comporta-se como um democrata moderno e não se afastou substancialmente das diretrizes econômicas traçadas por Fernando Henrique Cardoso, mas no terreno internacional, onde afloram suas verdadeiras inclinações, sua conduta é a de um revolucionário terceiro-mundista dos anos 60.

De onde vem essa militância radical? A hipótese de um presidente latino-americano que o conhece bem, também decepcionado, aponta para sua ignorância: "Esse homem é de uma penosa fragilidade intelectual. Continua sendo um sindicalista preso à superstição da luta de classes. Não entende nenhum assunto complexo, carece de capacidade de fixar a atenção, tem lacunas culturais terríveis e por isso aceita a análise dos marxistas radicais que lhe explicaram a realidade como um combate entre bons e maus." Sua frase final, dita com tristeza, foi lapidar: "Parecia que Lula, com sua simpatia e pelo bom momento que seu país atravessa, converteria o Brasil na grande potência latino-americana. Falso. Ele destruiu essa possibilidade ao se alinhar com os Castro, Chávez e Ahmadinejad. Nenhum país sério confia mais no Brasil". Muito lamentável

Carlos Alberto Montaner é escritor cubano

RESPOSTA:

Lamentável.

Aqueles que criticam Fidel possuem memória seletiva pois esquecem Fulgêncio Baptista, o ditador bem amado pelos americanos.

Claro que devemos ficar solidários a um médico em greve de fome em prol dos direitos humanos, o que acho curioso é que as mesmas pessoas que enchem a boca para defender os direitos humanos em Cuba são contra os direitos humanos aqui no Brasil.

O autor, obviamente um defensor ferrenho da democracia, esqueceu de mencionar que Jeb Bush ajudou a fraudar as eleições americanas para eleger o irmãozinho. O Ahmadinejad, que venceu a eleição com 60% dos votos é um ditador tirânico. Bush que 'venceu' as eleições com menos votos que o Al Gore é democrata. Faça-me um favor!

O ex-embaixador americano que prefere o anonimato seria o Lincoln Gordon? Não entendo como pessoas dedicadas a semear ditaduras militares podem ter a desfaçatez de criticar Fidel. Ô hipocrisia!

A alardeada decepção internacional com Lula se restringe à opinião de meia dúzia de americanos do partido republicano que ainda vivem na era da guerra fria. O mais triste é que ainda existem brasileiros que só acreditam no que foi publicado no New York Times. 'O que é bom para os Estados Unidos...'.

O 'cara' foi chamado de 'profeta do diálogo' pelos israelenses exatamente por dialogar com todos, sem preconceito, sem julgamentos e sem obedecer cegamente à opinião da ala ultra-direitista americana. Sem falar nos títulos de homem do ano na frança e espanha, em davos etc.

Achei engraçado o trecho: "irresponsabilidade com que manejou a crise de Honduras ao conceder asilo a Manuel Zelaya na embaixada em Tegucigalpa, violando as regras da diplomacia internacional". Qual regra da diplomacia internacional? Aquela que diz: 'deixe o presidente eleito democraticamente ser fuzilado no portão da embaixada brasileira só porque as elites do país não gostam dele'? Ou seria a regra: 'pergunte aos americanos o que eles querem que você faça e obedeça cegamente sem questionar'?

O muro de Berlin caiu em 1989 e não em 1990. O famoso convescote com Fidel em São Paulo deve ter sido secreto porque não há notícia de que algum dia tenha acontecido.

Fernando Henrique Cardoso não traçou nenhuma diretriz econômica. Quem fez o plano real foi o economista Rubens Ricúpero. Quem sancionou foi o presidente Itamar Franco. Se Lula tivesse seguido as diretrizes econômicas do FHC, ele teria:

a) pedido 3 empréstimos ao FMI;
b) transformado uma marolinha no sudeste asiático (crise de 1997) em um tsunami aqui no Brasil;
c) maxidesvalorizado o real;
d) quebrado umas boas dúzias de bancos brasileiros;
e) causado um apagão com 3 anos de duração (e não um apaguinho de 5 horas);

E a lista continua.

Ninguém tem coragem de dizer que Lula é um gênio. Isso não. Por outro lado, sair por aí dizendo que qualquer presidente que gera emprego, faz reforma agrária e distribui renda é comunista (uuuuuuuhhhhh), bom, isso não é sinal de esperteza. Como sempre digo, distribuição de renda é o melhor antídoto contra comunismo, terrorismo e todos os ismos que fazem tremer as reginas duartes da vida.

As viúvas do Fulgêncio, 50 anos depois, ainda não se conformam. Fazer o quê?

Nenhum comentário:

Postar um comentário