quarta-feira, 28 de julho de 2010

Lula desconstrói campanha de turismo e destaca perigos do Brasil em 2014

09/07/2010 - 15h37

Alexandre Sinato, Bruno Freitas e Mauricio Stycer
Em Johanesburgo (África do Sul)

Num discurso de improviso, destinado a lançar uma campanha de promoção internacional do turismo no Brasil com vistas à Copa de 2014, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou uma imagem do país que o Ministério do Turismo não gostaria de ver enaltecida.

Lula alertou os estrangeiros sobre o risco de ser mordido por “uma sucuri destreinada”, disse que os brasileiros não sabem inglês mas são bons na arte de “mimicar”, garantiu que o país é tão bem servido de homens quanto de mulheres e lamentou que as pessoas vão ao cinema e na volta não encontram o carro, porque foi roubado.

Tirando a apologia ao turismo sexual, o resto é verdade. O povo acha estranho quando um político fala a verdade. Se ele vendesse a idéia de que o Brasil é praticamente uma Suíça, alguém iria acreditar? Será que algum turista viria para cá só porque o presidente disse que aqui tudo é perfeito?

A cerimônia com a presença do presidente ocorreu num espaço montado pelo governo, num centro de convenções, no coração de Johanesburgo. Lula passou um tempo folheando o discurso preparado para o evento. Mas deixou-o de lado e arrancou gargalhadas já ao mencionar as autoridades presentes. Chamou o prefeito Eduardo Paes, do Rio de Janeiro, de governador, corrigiu-se, mas acrescentou, rindo: “Mas um dia vai ser. Um dia vai ser”.


Será que o Eduardo Paes se ofendeu? Acho que não, muito pelo contrário. Triste mesmo é o político paulista que não sabe a diferença entre baiano e pernambucano.


Lula elogiou a diversidade racial brasileira fazendo um contraponto com outros povos. “Quando você vê a Alemanha em campo, com exceção do brasileiro Cacau, você só vê alemão. Quando você vê o Japão, você só vê japonês. Quando você vê a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, você só vê coreanos, com a diferença que uns riem mais que os outros. No jogo Itália e Servia, não tinha um único negro nem no banco de reservas”.


Sim. E daí? Não é verdade? Os outros países repelem tudo o que é diferente. O Brasil atrai. Só as elites se incomodam com isso. Querem por força transformar Brasil em Suíça, ou melhor, querem esquecer que são brasileiros e sonham que são suíços.


Curiosamente, o filme exibido pelo Ministério do Turismo, para ser lançado assim que acabar a final da Copa de 2010, mostra um Brasil quase inteiramente branco. Até ao mostrar o público na arquibancada do Maracanã, a publicidade dirigida por Fernando Meirelles exibe em primeiro plano uma mulher loira.


Qual é o problema? Não há nada de errado com a mulher loira. O que o molusco destacou foi a diversidade. Diversidade inclui as loiras também, oras. Quem acredita que diversidade significa 'gentinha marrom' é a elite, aquelas pessoas que não conseguem nem apertar mão de póóóóbre.


Lula elogiou a beleza do brasileiro. E observou: “Quando eu falo em beleza, vocês têm que compreender que para cada sapo tem uma sapa. Ninguém fica sem seu par”.


Ok, esse negócio de turismo sexual não é legal. O Brasil não precisa desse tipo de turista. O cefalópode podia tentar engolir alguns tentáculos antes de falar esse tipo de asneira.


Em seguida, o presidente fez uma digressão sobre os motivos que impedem o brasileiro de ir ao cinema. Queria fazer um paralelo com a dificuldade de levar turistas estrangeiros ao Brasil. E disse: “O cidadão vai ao cinema e depois quando vai buscar o carro, roubaram”.


Pena que o Obama, o Sarkosi e o Cameron não têm essa honestidade toda. O problema do mundo não é a verdade, é a mentira.


Ao falar das belezas naturais do país, Lula mencionou especialmente o Amazonas, o Pantanal e a Chapada Diamantina. “A floresta mais incrível do mundo, rios maravilhosos, mas tem que ser de maneira ordeira. Se sair da linha, uma sucuri destreinada vai pegar vocês”.


Mais uma vez: não é dourando a pílula que vamos atrair turistas. Vender gato por lebre pode render algumas moedas no curto prazo, mas não compensa a longo prazo. Na amazônia tem sucuri, sim. E daí? É exatamente por este motivo que os turistas ecológicos devem vir para cá. Quem quiser segurança e proteção que vá para Liechtenstein. 


Lula arrancou aplausos ao criticar as companhias aéreas brasileiras, que não têm vôos diretos para a África. Disse que é uma questão de honra para ele, assumida diante do presidente da África do Sul, Jacob Zuma, que este quadro seja mudado. “Não é possível que o avião brasileiro passe sobre a África e não pare. Tem que parar. O africano que quer ir para o Brasil tem que pegar um avião para Paris. Se ele vai até Paris, por que vai para o Brasil depois?”


Ele foi aplaudido por gente que compreende a nova ordem mundial. A conexão Sul-Sul é cada dia mais importante para o descolamento do Brasil das potências em crise. Os mercados se deslocaram. A população dos países antes considerados pobres cresceu tanto em número quanto em poder aquisitivo. Empresas brasileiras estão fazendo negócios com países africanos em volumes record. É hora, sim, de cortar intermediários e irmos direto aos consumidores de produtos brasileiros. Pergunte aos donos da Marcopolo, empresa brasileira e única fabricante de carrocerias de ônibus instalada na África do Sul. Só as elites brasileiras para desprezar mercados só porque os consumidores de lá são 'gente marronzinha'.


O presidente também divertiu o público ao falar que o turista que for para o Nordeste vai encontrar um povo muito acolhedor, mas que não sabe falar inglês. “Mas tem a grande capacidade de fazer mímica. É a capacidade de mimicar do povo brasileiro”. Dirigindo-se a Marco Aurélio Garcia, assessor especial para assuntos internacionais, Lula perguntou: “Esse verbo existe?” E ouviu um não, mas o verbo existe segundo o dicionário Houaiss.


Longe de mim dizer que o coleóide é um intelectual, mas aposto como os intelectuais que torcem o nariz para o bêbado, ignorante e analfabeto também não sabiam da existência desse verbo.


Lula encerrou o improviso lendo a última frase do discurso preparado para ser lido. “Eu ia ler meu discurso, mas não li. Então vou ler só a última frase. O Brasil está te chamando. Celebre a vida aqui”, disse, fazendo graça.

Fonte: http://copadomundo.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/07/09/lula-desconstroi-campanha-de-turismo-e-destaca-perigos-do-brasil.jhtm

Não vi e não ouvi o discurso, mas acho que o lulla não precisa beber para falar bobagens. De qualquer maneira, prefiro um lulla encachaçado do que um FHC inebriado por vinhos franceses. 

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