quarta-feira, 21 de julho de 2010

FUNAFUTI

Não se preocupem, o título deste e-mail não é um xingamento. A mãe de todos está devidamente preservada. Como vocês são incultos e desconhecedores da geografia e da diplomacia mundial, aqui vai uma explicação.

FUNAFUTI é a capital oficial de TUVALU, um grupo de nove atóis coralinos que fica no Pacífico, logo ali na Polinésia. Trata-se de uma monarquia constitucional que faz parte da Commonwealth, ou seja, S.M. Elizabeth II é a chefe de Estado, tem um Governador Geral, mas quem manda mesmo é o primeiro ministro escolhido pelo Parlamento composto de 15 membros.

A população de Tuvalu (os tuvaluanos) atingiu em 2009 a espantosa cifra de 12.273 habitantes, praticamente todos descendentes de samoanos. Como os missionários ingleses, em nome de Deus, acabaram com a religião local, hoje 87% da população é cristã protestante, 6% não tem religião,  e 0,6% são ateus. Já é um começo.

A economia de Tuvalu (PIB 14,8 milhões de dólares) é baseada na exportação de COPRA, Amêndoa do coco, seca e preparada, da qual se extrai o copraol - s. m. || substância gorda, própria para supositórios, velas, etc.
[F.: Do malaiala koppara, der. do hindustani khopra, sânscrito kharpara.]

Aquele país vendeu seu domínio na Internet (tv) para uma empresa americana, por 50 milhões de dólares pagáveis em 12 anos, o que elevou em 50% seu PIB! Outra fonte de renda é a venda de sua bandeira para navios estrangeiros.

Não existe estação de TV em Tuvalu (eles são felizes e não sabem). Há somente um jornal impresso que circula de 15 em 15 dias, cuja tiragem é de 500 exemplares.

Mas por que estou falando de Tuvalu para vocês? É que a diplomacia do nosso Grande Guia MOLUSCO CEFALÓPODE  criou uma embaixada em Tuvalu, mais especificamente na capital Funafuti, por meio do Decreto 7.197 de 02 de junho de 2010, mas cumulou essa representação com a embaixada de Wellington, capital da Nova Zelândia.

Creio que o Itamarati está esperando a população de Tuvalu atingir a cifra de 20 mil para então alugar uma oca naquele país e instalar definitivamente a embaixada. Vai ser mais um grande feito da nossa diplomacia, equiparável ao acordo nuclear com o Irã.

As elites não conseguem esconder o desprezo pelo Brasil e por todos os países que eles consideram inferiores. Bons mesmo são os americanos, respeito, só aos americanos, ave! americanos. O resto é póóóóbre. As elites têm horror a póóóóóóbre.

É fato que Tuvalu tem poucos habitantes, mas são seres humanos, iguais a nós. Têm sonhos e esperanças, cultura e problemas. Abrir diálogo com um povo nunca é errado. É, sim, um grande feito da nossa diplomacia.

O fato de não ter TV e um jornal com tiragem irrisória é uma bênção. O povo pode pensar com a própria cabeça, em vez de ficar repetindo as Vejas e os Globos com todas as suas mentiras, os preconceitos rançosos, os valores invertidos que colocam o direito à propriedade acima do direito à vida.

Nunca é demais lembrar o grande feito da diplomacia das elites. O Chanceler do Brasil Celso Lafer, numa tarde ensolarada de 31/1/2002, tirou os sapatos, não uma, não duas, mas três vezes nos aeroportos americanos. O Barão do Rio Branco deve estar se revirando no túmulo até hoje.

Acho que as elites vão fazer bom proveito dos produtos tuvaluenses, especialmente a copra. Vão precisar de muito supositório glicerinado depois do pau que vão levar nas urnas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário