quarta-feira, 2 de junho de 2010

Sistema de cotas tem resultado positivo, mas...

Recente estudo da UERJ prova que o índice de abandono do curso e o índice de reprovação são maiores entre os não cotistas. Isso mesmo, NÃO cotistas são reprovados e abandonam o curso. Os cotistas têm mais motivos para superar as dificuldades.
Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2010/06/uerj-divulga-estudo-com-resultado-positivo-sobre-o-sistema-de-cotas.html


Há na matéria jornalística uma informação enigmática:

"O estudo aponta ainda que, em vários cursos, a nota máxima atingida por um candidato cotista é sempre inferior à nota mais alta do não cotista, como nos casos de medicina (cotistas 81 e não cotista 84,5), engenharia química (49,3 x 74,8), informática (50,5 x 78) e enfermagem. (53,3 x 60,5)."

Como assim? Em vários cursos a nota máxima do cotista é inferior à do não cotista. Isso significa que em outros cursos a nota máxima do cotista é superior à do não cotista? Não pude localizar o estudo da UERJ na íntegra para tirar a dúvida.


Não defendo as cotas raciais, como é o caso da UERJ. Defendo que universidade grátis deve ser um benefício para todos os que não podem pagar. Assim como bolsa família, o benefício deve ser dado a quem realmente precisa dele. Não importa a cor.

As elites, como pode se ver na matéria do jornal nacional, insistem em apoiar a meritocracia como único critério para ingresso na faculdade pública. O mesmo critério que enche as uerjs da vida com jovens que podem pagar por um curso particular. Se um juiz, dentista ou médico recebesse "bolsa família", certamente seria escândalo nacional. As autoridades seriam chamadas às falas para explicar como um absurdo desses pôde acontecer. O mesmo juiz, dentista ou médico recebe "bolsa universidade pública" para o filho e todos acham natural e ainda se revoltam contra os pobres que querem tirar os direitos do pobre menino rico. Vai entender.

Batem sempre na mesma tecla. "Tem que melhorar a qualidade do ensino público, assim os pobres vão competir com os alunos das melhores escolas privadas em pé de igualdade." Tá. Sei. Entendi. Vamos fazer algumas contas.

a. Cada aluno de boas escolas particulares custam aos pais, somando-se mensalidade, material didático, transporte, uniforme etc, uma média de R$ 1.000,00 por mês.

b. O país deve ter mais ou menos uns 80 milhões de jovens em idade compatível com ensinos fundamental e médio.

c. O custo anual da boa qualidade de ensino será  (a) multiplicado por (b) multiplicado por 12 meses, ou seja, a bagatela de R$ 960.000.000.000,00 (novecentos e sessenta BILHÕES de reais), sem contar com os desperdícios, desvios e mau uso do dinheiro público.

A conclusão óbvia é que a meritocracia é conversa fiada das elites para afastar os pobres de um dos poucos serviços públicos de qualidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário